O animal mais raro do mundo é uma tartaruga.
Jorge é o último da sua espécie, originário das Ilhas Galápagos. Estima-se que tenha uns 110 anos, aproximadamente. Levando-se em consideração que as tartarugas chegam a viver mais de duzentos anos, ele está na flor da idade.
Foram mais de 30 anos de solidão. Sempre que uma companhia era oferecida a George Solitário, ele rejeitava-a --e continuava sozinho.
Mas agora o mais famoso solteirão das ilhas Galápagos tem um par. Ou melhor, dois. George está namorando duas fêmeas e talvez ele já tenha dado sua contribuição na luta para a preservação da espécie.
George Solitário é monitorado pelo Centro de Pesquisas Charles Darwin desde 1972.
As tartarugas-de-galápagos (Geochelone nigra) estão ameaçadas de extinção. A subespécie Geochelone nigra abingdoni, encontrada na ilha Pinta (ou Abingdon) do arquipélago, só tem um representante conhecido (George) e é considerada extinta na natureza. Por isso, ele está se relacionando com fêmeas de uma subespécie similar, a Geochelone nigra becki, encontrada na ilha Wolf.
Funcionários do Centro de Pesquisas Charles Darwin, na ilha de Santa Cruz --para onde o animal foi levado em 1972--, encontraram um ninho com diversos ovos na área onde ele vive. Três foram colocados em uma incubadora e, em quatro meses, será possível saber se algum deles é descendente do famoso quelônio.
"Mesmo se esses três ovos forem férteis e as tartarugas sobreviverem, serão necessárias muitas gerações, até séculos, para pensar em ter uma 'Pinta' pura", afirmou o centro em comunicado.
Acontece que os ovos nunca chegaram a nascer.
Em todos esses anos, os pesquisadores já tentaram de tudo para ele se reproduzir, de inseminação artificial a fazê-lo assistir a outro macho mais jovem copular.
No ano passado, cientistas encontraram um exemplar da ilha Isabela, vizinha à Pinta, que teria metade dos genes em comum com George. Isso sugere que haja um outro animal da subespécie vivo entre os mais de 2.000 encontrados em Isabela.
Ao todo, 20.000 tartarugas-de-galápagos de diferentes subespécies vivem no arquipélago.