A Camada de GorduraA camada gordurosa superficial que temos no nosso aquário tem sido alvo de especulações diversas mas inconclusivas. Alguns aquários formam esta “camada gordurosa” enquanto outros não, e ninguém sabe qual é a sua origem nem como nos podemos livrar dela. Geralmente associamos este fenómeno ao tipo de comida que usamos, a tanques plantados com injecção de CO2 e superfície da água muito parada. Eu próprio tenho uma camada destas no meu aquário e este facto levou-me a querer saber mais. Uma pesquisa na Internet reforçou a minha opinião de que esta camada na aquariofilia não é suficientemente compreendida e encontrei muita informação inútil ou dúbia. Aquilo que aprendi é o que se segue.
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Na realidade, devido à tensão superficial, a superfície do nosso aquário é, quando não é muito movimentada, um nicho ecológico particularmente privilegiado em termos de trocas gasosas - oxigénio atmosférico e dióxido de carbono. Bactérias, algas, fungos e protozoários constituem neste ambiente um habitat até cem vezes mais rico em organismos vivos do que o resto da coluna de água, formando assim o neuston. Alguns autores reconhecem a existência de um verdadeiro ecossistema neustónico e uma neustonosfera. Muitos organismos existentes nesta camada neustónica passam aí todo o seu ciclo de vida. Algumas bactérias e algas até desenvolvem capacidade fotossintética (cianobactérias por exemplo – embora sejam invisíveis a olho nu). Outros organismos assumem uma coloração intensa (vulgarmente azulada ou esverdeada) para os proteger em relação às radiações ultravioletas letais. Por isso notamos aquela coloração oleosa na superfície do aquário. Em espaços abertos podemos verificar que até alguns insectos como alfaiates fazem parte deste nicho ecológico que se alimenta de matéria orgânica superficial. Sendo o neuston uma zona bastante rica em nutrientes não é estranho ver um
Otocinclus ou mesmo um
Crossocheilus siamensis de barriga para o ar, alimentando-se desta camada. Há outros peixes que encontram neste meio a sua alimentação equilibrada, como por exemplos as Mollys e os Guppys. Estes peixes são recomendados a quem quer manter esta camada sob controlo.
Não sabemos ao certo porque esta camada aparece em alguns aquários e em outros não. Não conhecemos nenhuma relação entre o aparecimento desta camada e o substrato, o tipo ou a quantidade de plantas ou animais, a fertilização, a temperatura, o pH ou o kH (embora não queira excluir que exista alguma). Mas posso dizer que se trata de um fenómeno natural – apesar da coloração oleosa suspeita. Matéria orgânica, proteínas de alimento de peixe e fertilizantes não absorvidos pelas plantas constituem a base nutricional para a criação desta camada viva de organismos microscópicos.
Se é natural, qual é o problema? Não causa dano nenhum, o máximo que pode fazer é cortar um pouco a luz que chega as plantas. Mas eu não gosto! Não gosto porque não me deram opção.
Então como é que me livro desta camada superficial?
a) Não livras. Aprende a viver com isso. Por mais que façamos essa camada volta sempre. Mais vale montar um novo aquário. De preferência com Ciclídeos Africanos.
b) Nas TPAs (Trocas Parciais de Água) tirar primeiro a camada de cima com um copo ou uma garrafa cortada. Eu faço isso quando estou com pachorra, mas 2 dias mais tarde está tudo na mesma. Já me aconselharam passar um guardanapo ou uma folha de jornal pela superfície do aquário, mas não acho que resulte muito bem.
c) Criar uma movimentação constante na superfície da água. Deste modo evitamos que a superfície apareça, mas ficamos com outros problemas. O CO2 escapa para a atmosfera com muito mais facilidade do que com a superfície parada e deste modo acabamos por gastar mais CO2. Algumas pessoas também se podem irritar com o barulho constante do cair da água. Como tenho a luz do aquário apagada quando estou no trabalho, levanto a entrada da água no aquário de modo a criar a tal turbulência à tona da água. Deste modo também crio oxigenação nas horas sem luz o que é bom, mas por outro lado tenho de me lembrar disso todos os dias.
d) Há quem compre um escumador de superfície. Esta é a solução de cromo. É mais custosa, mas resolve o problema de certeza. Acho que a EHEIM comercializa uma peça que se adapta à saída para o filtro que suga água da superfície do aquário, mas não tenho a certeza. Um amigo construiu um mini filtro de superfície com uma bomba, um tubo e lã de vidro. Essa bomba espalha ao mesmo tempo o CO2, mas está sempre a entupir e não é a solução ideal.
e) Geralmente aconselha-se Black Mollys porque de todos os peixes são os mais eficazes a comer a camada de neuston. Bastam dois peixes num aquário de 120 litros para nunca mais haver problemas com esta camada superficial. Mas nem toda a gente quer meter uns vivíparos no seu aquário.
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Em conclusão quero alertar que esta camada não é apenas influenciada pelo ecossistema interno do aquário com filtro, mas também pela atmosfera da própria casa em que temos o aquário. Certos ambientadores contêm terpenes (hidrocarbonetos) que reagem com o ozono e ajudam a criar essa camada no aquário. Óleo e fumo de aquecimentos e da cozinha também podem ser uma causa possível da formação desta camada no nosso aquário. E o tabaco! Não tenho experiência própria mas aposto que não é bom fumar-se ao pé de um aquário aberto.
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